Paciente que ‘fugiu’ de transfusão é operada


Oncologista Ayder Vivi foi o médico que atendeu a paciente em Catanduva

Oncologista Ayder Vivi foi o médico que atendeu a paciente em Catanduva

Elisandra Luíza da Silva Nascimento, paciente que “fugiu” da Santa Casa de Rio Preto ao saber que precisaria de transfusão de sangue, no dia 3 de setembro, por sua religião não permitir, conseguiu atendimento médico em Catanduva. Segundo conta Jessé Bento da Silva, marido de Elisandra, de 37 anos, tudo começou quando ela, que é Testemunha de Jeová, descobriu um mioma, que provocou sangramento no útero. A família, que mora em Recife, pesquisou locais onde cirurgias sem transfusão de sangue fossem realizadas e foi orientada a ir para Rio Preto.

Na Santa Casa, Elisandra foi informada de que o sangramento havia causado anemia e precisaria de transfusão. Depois de discutir o assunto, a família decidiu retirar a paciente da Santa Casa e levá-la para o Hospital Padre Albino. “Nossa religião não permite transfusões, porque seguimos aquilo que está na Bíblia. Fomos primeiro até Rio Preto, porque acreditamos que lá encontraríamos métodos alternativos. Como isso não aconteceu, viemos para Catanduva e conseguimos um tratamento que respeitasse nossas convicções”, afirmou Jessé. Elisandra foi operada no último dia 25 e, antes, passou três semanas internada.

“Ela enfrentou um tratamento alternativo em total repouso, com ferro e outras vitaminas para que a hemorragia e a anemia fossem controladas. Esse período foi fundamental para que a saúde dela pudesse ser restabelecida. Depois, quando estava mais forte, minha esposa passou pela cirurgia, sem nenhum tipo de transfusão”.

A cirurgia foi um sucesso e na tarde de ontem a família já estava com as passagens compradas para Recife. “Tudo correu bem e minha esposa nem precisa mais de remédios. Algumas pessoas não entendem nossa religião, criticam nosso posicionamento, mas nós somos cidadãos e temos o direito de escolha. Aceitamos qualquer tipo de tratamento, desde que transfusões não sejam necessárias. Essa é nossa crença, é a religião em que acreditamos, então merecemos respeito”.

De acordo com o responsável pelo tratamento, o oncologista Ayder Vivi, quando Elisandra chegou a Catanduva, o caso era sério, mas não urgente. “Tivemos tempo de tratar a paciente sem que transfusões fossem necessárias. Ela ficou de repouso absoluto, recebeu injeções de ferro e passou por mudanças na dieta. Também utilizamos eritropoetina, medicamento que combate a anemia. Por ser uma paciente jovem e forte, esperamos até que os parâmetros hematológicos estivessem restabelecidos. Ela respondeu bem ao tratamento e a cirurgia foi realizada com sucesso”.

Para o médico, é importante respeitar a opinião dos pacientes, apesar das consequências. “Sou temente a Deus e acho que todas as pessoas têm o direito de escolha. Essa aceitação é o princípio do respeito, ideal para que possamos viver em sociedade. Respeito às convicções das Testemunhas de Jeová, assim como aceito os espíritas, católicos, representantes da Umbanda, enfim, todos”. Para as Testemunhas de Jeová, o Velho e o Novo Testamento da Bíblia condenam transfusões de sangue. Além disso, eles entendem que para Deus o sangue representa a vida, então evitam tomar sangue, por qualquer via, não só em obediência a Deus, mas também por respeito a Ele como Doador da vida.

Segundo o site da religião, diversos médicos em todo o mundo usam técnicas para realizar cirurgias complexas sem transfusão. “Essas opções terapêuticas são usadas até mesmo em pacientes que não são Testemunhas de Jeová e optam por evitar riscos decorrentes de transfusões, como doenças transmitidas pelo sangue, reações do sistema imunológico e erro humano”.

Link original: http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Saude/212377,,Paciente+que+fugiu+de+transfusao+e+operada.aspx

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