Samuel Nunes
Repórter
O Natal é o centro dos feriados de fim de ano e da temporada de férias, sendo, no cristianismo, o marco inicial do Ciclo do Natal que dura doze dias. Embora tradicionalmente seja um feriado cristão, o Natal é amplamente comemorado por muitos não-cristãos, sendo que alguns de seus costumes populares e temas comemorativos têm origens pré-cristãs ou seculares. O Papai Noel (conhecido como Pai Natal em Portugal) é uma figura mitológica popular em muitos países, associada com os presentes para crianças.
No calendário cristão o Natal é comemorado no dia 25 de dezembro, mas nos países eslavos e ortodoxos, cujos calendários eram baseados no calendário juliano, o Natal é comemorado no dia 7 de janeiro, originalmente destinado a celebrar o nascimento do Deus Sol, no solstício de inverno (natalis invicti Solis), e adaptado pela Igreja Católica no terceiro século d.C.
Há pouco mais de 20 dias para a data festiva, O Norte conversou com fiéis e líderes religiosos de algumas denominações religiosas sobre o Natal e descobriu que o Natal é uma data polêmica, tem quem concorda com a comemoração e aqueles que discordam, por achar que não existe base bíblica para se comemorar. Mas ficou evidenciado, que a data desde muito passou a ser uma questão também cultural.
Bispo Stalin Cordeiro, da igreja Plenitude da Fé, procedente da linha pentecostal, disse que os fíéis comemoram a referida data de maneira alegre. Segundo ele, Natal significa nascimento de Jesus Cristo.
– É importante salientar que o Jesus deve nascer em nossos corações não somente no Natal, mas em todos os dias do ano. A nossa igreja não tem por costume se reunir nesta data, mas tradicionalmente os irmãos se reúnem com suas familias, nas residências para a celebração, explica.
Indagado sobre a figura do Papai Noel, o Bispo foi enfático em afirmar que a orientação passada aos fiéis é de que estes devem ensinar as crianças, que o grande exemplo de vida e o verdadeiro herói, é Jesus Cristo.
– Ele é quem coloca o pão de cada dia à nossa mesa, nos concede vida e saúde. Realizamos troca de presentes e amigo oculto, mas não fazemos apologia à figura do Papai Noel.
Quanto a árvore de Natal, o Bispo disse que esta é analisada mais na ótica de enfeite e não de qualquer tipo de adoração.
Já Padre Adilson Ramos Melo, da Paróquia Nossa Senhora da Consolação, bairro Cintra, salienta que os católicos celebram, assim como os pentecostais, no 25 de dezembro, o nascimento de Jesus, um dos maiores fatos da história. Ele enfatiza que por a data tão importante, o Natal é uma oportunidade não apenas para festejar, mas, sobretudo, é tempo de reflexão principalmente quanto aos valores que devem ser vivenciados em sociedade, tais como amor, paz e solidariedade. Para o pároco, a data é uma excelente oportunidade de se ter um processo de encontro com Jesus, o doador da vida.
Sobre a figura de Papai Noel, o Padre Adilson explica que este não tem qualquer relação com a fé cristã.
– Como será o Natal diante da morte de tantos jovens no nosso municipio? Questiona, ao lembrar sobre a necessidade de buscarmos nas reflexões do final do ano, soluções para os problemas que afligem a sociedade.
Ainda segundo ele, Natla é tempo de celebrar com a família, tempo para que a família, unida, deve vivenciar o processo de encarnação de Jesus Cristo. No entanto ele resslata, que Deus se fez homem e viveu como um de nós, portanto não devemos celebrar o amor ao próximo apenas no Natal, mas em todos os dias do ano.
Batizado na igreja Testemunha de Jeová, Nadilson Kleber Barbosa Silva destaca a sua denominação religiosa tem como premissa básica, deixar que a vida seja guiada pela palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Segundo ele, para todas as comemorações que existem, não importa a sua natureza, deve-se antes, examinar, cuidadosamente, as escrituras baseando-se na palavra sagrada para tomar qualquer decisão.
– No caso do Natal, não há evidência bíblica de que Jesus, o filho de Jeová, a quem coube a responsabilidade de ensinar a verdade àqueles que seguiriam o seu caminho, tenha instituído essa comemoração como parte da adoração verdadeira. Por outro lado, pesquisas têm revelado que o Natal parece ter se originado na antiga Roma, e o registro mais antigo de sua celebração data de 336 EC. Espalhou-se pelo Oriente e pelo Ocidente até ser adotado pela Igreja de Jerusalém, em meados do 5º século. As pessoas, na antiga Roma, já trocavam presentes em 25 e 26 de dezembro, séculos antes de Cristo, como parte das celebrações festivas da adoração do Sol, o chamado solstício ou saturnais, relata.
No entendimento de Nadilson, as traduções interlineares do evangelho de Lucas, no original grego, mostram que o que as multidões de anjos que apareceram aos pastores realmente disseram foi: – e sobre a terra paz entre homens de boa vontade.
– Um dia por ano de bebedeira, comilança e supercomercialização, condição esta evidente a cada ano que passa, resultando em situações trágicas para a humanidade, não torna a pessoa um cristão. A paz, diz a Bíblia, não vem aos que celebram um falso aniversário de Jesus, que segundo pesquisas não nasceu em 25 de dezembro, mas sim àqueles que seguem os ensinamentos dele o ano todo, afirma.
Por isso, de acordo com Nadilson Kleber, as Testemunhas de Jeová não comemoram o Natal, mas se preocupam em exercitar no dia a dia, a prática dos frutos do espírito, descritos, segundo ele, em Gálatas 5:22, visando cumprir um dos dois maiores mandamentos deixados por Cristo: amar o próximo como a si mesmo.
Raphael Reys escritor, é espírita a cerca de 50 anos. Segundo ele, a comemoração do Natal não tem por parte da doutrina espírita fundamentação física e sim abstrata. Ele explicou o conceito ao ser indagado quanto às figuras de Papai Noel e da árvore de Natal. De acordo com avisão espírita, segundo Reys, na data um espírito de luz aproveita o período para dar um banho de luz no planeta, fechando assim, o ciclo do ano.
– São realizadas nesta data, grandes reuniões nas sedes das fraternidades, onde são feitas correntes de preces para quem está em dificuldades seja de qual ordem for.
Raphael conta ainda, que no Natal, acontece uma grande operaçao no plano espiritual, com o objetivo de dar sustentabilidade ao planeta.
José Alves, pastor da igreja Adventista do Sétimo dia, da linha protestante, explica que a data é importante e que os adventistas aproveitam a oportunidade para levar uma mensagem de esperança às pessoas que estão enfrentando problemas sejam eles, espirituais, familiares ou materiais.
Segundo ele, tradicionalmente, a igreja realiza apresentações musicais em praças públicas e shoppings e também promove o Mutirão de Natal, em que inúmeras familias são beneficiadas com doações de alimentos, roupas e calaçados.
Link original: http://www.onorte.net/noticias.php?id=41264