Grupo de voluntários das Testemunhas de Jeová aprende língua de sinais e cria celebração especial para surdos
A missão da organização religiosa Testemunhas de Jeová é ensinar os princípios da bíblia cristã. Seu trabalho missionário feito de porta em porta é conhecido no mundo todo, inclusive em Pato Branco, onde o grupo já está consolidado há vários anos.
Visitar as pessoas em suas próprias residências faz com que seus membros tenham contato direto com as mais diferentes realidades sociais. Em algumas das casas o morador não escuta. São surdos mudos, ou apenas surdos, que assim como outras pessoas com deficiência ainda são marginalizados por parte da sociedade.
Pensando em levar seu conhecimento para esse público um grupo de voluntários da organização em Pato Branco aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Há cerca de seis anos esses missionários realizam o trabalho de evangelização junto aos surdos e mais recentemente criaram um encontro especial para eles.
“Nossos encontros acontecem às quintas-feiras, e contam um intérprete de Libras. Há alguns meses, no entanto, realizamos encontros também aos sábados voltados para surdos, onde todos se comunicam apenas com a linguagem de sinais”, explica Clari Junior, coordenador do projeto em Pato Branco.
Além dos encontros os voluntários também visitam regularmente os surdos da cidade, mesmo os que optaram por não seguir a doutrina religiosa.
A iniciativa de inclusão é uma prática adotada pelas Testemunhas de Jeová no mundo todo. Além de preparar pessoas para comunicar-se, a organização também disponibiliza gratuitamente DVD´s com a tradução de materiais e da bíblia para a língua de sinais.
Aproximação
Clari Junior e sua esposa, Adriana Gimenez Bombieri, integram o grupo de sete voluntários que aprenderam a Libras entre si. Ele conta que decidiu trabalhar seis horas por dia em seu emprego de projetista mecânico para dedicar-se ao voluntariado, mesmo que isso significasse um salário menor. “O projeto é nossa atividade mais importante”, justifica.
A disposição dos voluntários acaba sendo importante também para muitos dos surdos, pois em vários casos o trabalho vai muito além da evangelização. “Algumas famílias não sabem a língua dos sinais. Então até mesmo coisas básicas elas não conseguiram ensinar”, explica Clari. “Já ensinamos surdos que é preciso tomar banho todos os dias, que é preciso trocar de roupa diariamente” ilustra Adriana.
Os voluntários também sentem na pele algumas situações vividas pelos surdos por conta do preconceito. Segundo Clari, muitos deles são tratados como deficientes mentais, mesmo não tendo nenhuma outra deficiência além da auditiva.
Amizade
Saber a língua de sinais fez com que os voluntários se tornassem verdadeiros porta-vozes. “Alguns deles nós acompanhamos ao médico”, conta Clari.
O grupo também coleciona histórias emocionantes. “Conhecemos uma senhora de uns 70 anos que não conhecia a língua de sinais. Antes de a ensinarmos ela se comunicava com a família com um sistema próprio de gestos. Apesar disso, ela é tão inteligente que conseguia se comunicar facilmente com as pessoas, do jeito dela”, relata Adriana.
Trabalho social
Clari, sua esposa, e os demais voluntários do projeto sabem o peso do seu trabalho social. “Nos sentimos muito úteis por integrar essas pessoas a sociedade, pois eles costumam ser tratadas como bobos, são discriminados, são até motivo de chacota. Acabamos desenvolvendo uma empatia que nos coloca no lugar deles, e assim sentimos um pouco da sua realidade”, analisa o coordenador.
“Imagine estar em um ambiente onde ninguém fala o seu idioma, onde todos conversam e você não entende. Acredito que a sensação é mais ou menos essa”, ilustra Adriana.
Link original: http://www.diariodosudoeste.com.br/noticias/pato-branco/10,39204,07,10,evangelizando-com-as-maos.shtml